O texto descritivo apresenta um observador e o olhar desse observador pode ser objetivo ou subjetivo, profundo ou superficial.
A forma como o autor descreve depende do seu ponto de vista e do que ele quer destacar. Por exemplo, duas pessoas que viveram em épocas diferentes podem descrever a mesma coisa de maneiras diferentes, porque cada uma tem suas próprias impressões.
Normalmente, a descrição é usada dentro de outros tipos de textos, como histórias, ensaios ou até mesmo nas dissertações para vestibular e Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em certos contextos.
A descrição pode ser usada como uma estratégia dentro do texto dissertativo-argumentativo para enriquecer e exemplificar argumentos.
Por exemplo, ao ilustrar um problema ou uma situação, você pode usar elementos descritivos para criar uma imagem vívida e cativante daquilo que está sendo discutido.
Essa abordagem pode tornar seu texto mais convincente e envolvente para o leitor.
Além disso, em algumas edições do Enem, a proposta de redação pode exigir que o candidato descreva experiências pessoais ou cenários específicos como parte do desenvolvimento do argumento.
Portanto, a capacidade de escrever descrições de forma eficaz é valiosa para atender às exigências dessas propostas.
Saiba mais: Dúvidas Comuns
#1 Descrição objetiva
Quando o observador quer apenas mostrar os fatos de forma prática e impessoal, chamamos isso de “descrição objetiva”.
Esse tipo de descrição é comum em textos técnicos ou científicos, porque eles querem apresentar informações de maneira direta, sem envolver emoções.
Veja o exemplo:
“O submarino, quando mergulha, mantém a pressão atmosférica da superfície. Seus tripulantes respiram o ar que, na hora da imersão, ficou confinado no interior da embarcação.
As taxas de oxigênio (O2) e gás carbônico (CO2) são constantemente monitoradas, apresentando o estado de pureza do ar respirável. O CO2 produzido pela respiração dos tripulantes é absorvido por compostos químicos e o submarino possui uma série de ampolas de oxigênio puro, liberado sempre que sua quantidade no ar baixa a um determinado limite. (…)”
Galileu, Rio de Janeiro: Globo, fev. 2003.
O texto que você acaba de ler tem o objetivo de responder a pergunta: “Como se obtém ar para a tripulação dos submarinos?”
E para responder, a revista Galileu utilizou de um texto descritivo bastante objetivo.
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#2 Descrição subjetiva
Agora, quando o observador quer apresentar o tema-núcleo de uma maneira mais pessoal, relacionando-o às suas próprias experiências, isso é chamado de “descrição subjetiva”.
É como se o autor compartilhasse seus sentimentos e opiniões.
Nos textos de histórias e ensaios, você também vai encontrar partes descritivas.
Elas são importantes para apresentar personagens, lugares, eventos e exemplos que ajudam a desenvolver a história ou argumentação.
Veja o exemplo:
“Olho agora o rio que conheço tão bem.
A cor das águas, a maneira como escorregam ao longo das margens, as espadanas verdes, as plataformas de limos onde encontram chão as rãs, onde as libélulas (também chamadas tira-olhos) pousam a extremidade das pequenas garras – este rio é qualquer coisa que me corre no sangue, a que estou preso desde sempre e para sempre.
Naveguei nele, aprendi nele a nadar, conheço-lhe os fundões e as locas onde os barbos pairam imóveis. É mais do que um rio, é talvez um segredo. (…)”
SARAMAGO, José. Deste mundo e do outro. Lisboa: Editorial Caminho, 1985.
Note que, entre as descrições há muitas das impressões, sensações e opiniões do narrador como em “[…] conheço-lhe os fundões e as locas onde os barbos pairam imóveis”. Essa é a diferença entre o texto subjetivo e o objetivo.
Em redações dissertativas – aquelas do ENEM e Vestibulares – esse tipo de descrição não é recomendado, pois é preciso mais impessoalidade na sua construção argumentativa.
Então, saiba diferenciar!
#3 Descrição de pessoas, ambientes e objetos
Os adjetivos e as locuções adjetivas são muito importantes na descrição de algo.
- TEXTO DESCRITIVO DE PESSOAS
Quando narramos pessoas e personagens precisamos de uma descrição de como elas são por fora, mas também “por dentro”. Então, observe o trecho abaixo:
“[…] Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas graves, puxar pelo rabicho das cabeleiras, dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas deste jaez, eram mostras de um gênio indócil, mas devo crer que eram também expressões de um espírito robusto, porque meu pai tinha-me em grande admiração; e se às vezes me repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples formalidade: em particular dava-me beijos.”
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Moderna, 1994
Os adjetivos desse trecho buscam descrever a infância do narrador e buscam enfatizar suas características psicológicas – como a personagem pensa e sente. Como percebemos na utilização de “indócil”e “espírito robusto”.
Observe a seguir mais uma descrição:
“[…] Os seus cabelos eram ondulados e lustrosos; o vigor da saúde transparecia-Ihe nas faces; os seus olhos cintilavam de uma luz maliciosa, de bom humor e de pensamentos elevados.”
WILDE, Oscar. O retrato de Dorian Gray. São Paulo: Folha de S. Paulo/Ediouro, 1998.
Este segundo exemplo, por outro lado, é uma descrição de pessoas em que as características físicas e psicológicas estão mescladas.
- TEXTO DESCRITIVO DE AMBIENTES
Narrações de ambientes costumam ser mais objetivas, mas isso também depende da relação das personagens com ele e de sua importância no desenrolar da história.
“[…] A sala não é grande, mas espaçosa; cobre as paredes um papel aveludado de sombrio escarlate, sobre o qual destaca entre espelhos duas ordens de quadros representando os mistérios de Lesbos.
Deve fazer ideia da energia e aparente vitalidade com que as linhas e colorido dos contornos delinearam-se no fundo rubro, ao trêmulo da claridade deslumbrante do gás.”
ALENCAR, José de. Lucíola. Departamento Nacional do Livro, Online
Os adjetivos empregados estão relacionados à cor, ao tamanho, ao material de que são feitos os objetos às proporções de um ambiente fechado.
- TEXTO DESCRITIVO DE OBJETOS
Assim como na descrição do ambiente, a relação do objeto com a personagem ou a motivação da descrição no texto define se ele será objetivo ou subjetivo.
“[…] Ao sair vi um adereço de azeviche muito simplesmente lavrado, e por isso mesmo ainda mais lindo na sua simplicidade.
Tênue filete de ouro embutido bordava a face polida e negra da pedra. (..) Não resisti; comprei o adereço, e tão barato, que hesitei se devia oferecê-lo.”
ALENCAR, José de. Lucíola. Departamento Nacional do Livro, Online
As locuções adjetivas e adjetivos revelam detalhes do objeto como formato, cores, materiais e podem, inclusive, incluir sua utilidade e origem.
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